RI: eu tive uma ideia!

Basta distribuir algumas urnas, em lugares convenientes, e fazê-las funcionar com eficácia, quando nelas cair uma ideia.


 
Em meados da década de 80, se quisesses vender consultoria, bastava fazer um diagnóstico da situação de comunicação interna e treinamentos. Era um deserto, e as pessoas facilmente concordavam que era preciso investir nestas áreas.
Dez anos depois, os assuntos da moda passaram a ser a preocupação com o social, e inovação. O fenômeno se repete, com outros títulos.
Assim como no passado se cometeram excessos hediondos em termos de comunicação e treinamento, atualmente as pessoas se impressionam com o que falta fazer para nos tornarmos uma empresa criativa.
A sabedoria do TQC japonês indica que sempre há um primeiro passo a ser dado, e este passo normalmente é bem fácil, e dá resultado.
Ou seja: não complicar, manter-se prático, eis o primeiro desafio quando se entra no RI


 
Os primeiros passos para ganhar pontos em inovação são bem simples. Enquanto eles não forem executados, dá resultado não entrar em processos mais complicados…
Estes passos podem ser:

  1. Implantar um amplo programa de sugestões;
  2. Colocar em funcionamento um processo de desenvolvimento de novos produtos;

Remover obstáculos à criatividade.


 
Vi muitas empresas fracassarem na implantação de um programa de sugestões, e o sucesso que outras tiveram me mostram claramente o seguinte:

  • o esforço de comunicação na instalação do programa é absolutamente inútil e até contraproducente, por eventualmente gerar expectativas que não possam ser atendidas;
  • não é preciso remunerar nem mesmo reconhecer, de forma especial, as pessoas que dão as grandes idéias;
  • basta organizar um sistema que torne fácil (rápido!) registrar a idéia, e
  • dar um retorno decisivo, em curto prazo, para quem fez uma sugestão.

As pessoas estão observando as coisas, e, naturalmente, geram idéias.
Se nós as colhermos rapidamente, e elas perceberem que foram úteis, outras serão geradas, com naturalidade.

O maior produto da boa gestão é a remoção de obstáculos!

 
Não é preciso anunciar, em todos os quadros de aviso, que foi instalado um novo programa de sugestões.
Basta distribuir algumas urnas, em lugares convenientes, e fazê-las funcionar com eficácia, quando nelas cair uma idéia.
Funcionar com eficácia significa, por exemplo:
em até 15 dias, dar uma resposta decisiva:

  • sendo sim, quando fica pronto;
  • sendo não, explicar porque;
  • sendo talvez, definir a data em que a resposta definitiva será dada.

Não se preocupe em anotar o número de sugestões recebidas por mês, o número de sugestões implantadas, estas coisas.
Controle o processo monitorando.

o número absoluto de sugestões que tem atraso de mais de 15 dias em relação ao prazo dado para responder,

ou para executar o que foi prometido.


 
Existem formas muito simples de estabelecer pontos para cada sugestão, de maneira que quem faz a sugestão já sabe, de antemão, se a mesma será aprovada.
Somam-se pontos em função de critérios como:

– ordem de grandeza do benefício

– ordem de grandeza do gasto

– ordem de grandeza do prazo de implantação

– quem deve executar a solução (pontuação máxima para a resposta eu mesmo faço!)

Este tipo de sugestões abre o canal de comunicação com a mente dos colaboradores.
Um estudo sobre programas de sugestões no Japão e nos USA mostrou que, no Japão, o resultado das empresas era quase 10 vezes maior, embora o valor das sugestões fosse 55 vezes menor.
Porque?

– a participação de funcionários era 4,62 vezes maior

– o número de sugestões por funcionário mês era 137 vezes maior

– o número de implantações era 3,6 vezes maior.


 
Quem está preocupado com a inovação, precisa ter um bom processo de desenvolvimento de novos produtos.
Não é difícil desenhá-lo, sendo prático. Ele deve contemplar:
1) Captação e geração de idéias.
a) Características:

  • muitos itens
  • análises expeditas

b) Fatores críticos:

  • a preservação das fontes (resposta rápida e positiva)
  • foco em resultados
  • evitar a perda de oportunidades (decidir rápido, usando pessoas experientes).

2) Aprovação da viabilidade expedita.
a) Características:

  • seleção técnica das oportunidades

b) Fatores críticos:

  • definir premissas e fatores de decisão
  • designar responsáveis com data;
  • formular as questões críticas a serem esclarecidas no passo seguinte.

3) Confirmação da viabilidade
a) Características:

  • começa a haver custos mais elevados (pesquisas de mercado, testes com protótipos etc.), processos demorados, interferência nas áreas de produção ou no mercado;
  • os custos e perturbações externos ainda são baixos.

b) Fatores críticos:

  • analisar riscos (o que pode dar errado?)
  • no final da etapa, se estará aprovando o início de um projeto.

4) Execução do projeto.
a) Características:

  • custos muito altos;
  • riscos de danos externos (imagem!)

b) Fatores críticos:

  • Estabelecer uma data clara para o Vamulá! (lets go!);
  • Estabelecer marcos importantes, que liberam a passagem pela porteira (steps-and-gates);
  • Monitorar as premissas e o controle de riscos;
  • Ação rápida quando houver problemas

5) Aprendizado,
para aprimorar o processo de Desenvolvimento de Novos Produtos.


 
Já se sabe que a nossa mente é capaz de gerar mais ou menos idéias em função de uma série de fatores, internos e internos.
 
Não sou especialista no assunto, nem me propus  a pesquisar a vasta e excelente literatura existente a respeito.
Vou me limitar a relatar algumas experiências pessoais, sem pretender enquadrá-las em nenhuma teoria a respeito.

  • Aprendi com um trainee nosso (!) que a mente humana é capaz de reter apenas cerca de 3 idéias em gestação. O número varia de pessoa a pessoa, e com as circunstâncias. Enquanto uma destas idéias não for tirada do forno, outras não surgirão…Assim:
    • tenha sempre lápis e papel à mão: no bolso da camisa, na cabeceira da cama, no painel do carro. Se a idéia brotou, colha-a, e coloque-a num viveiro…
    • outras virão!
  • Tenho colegas e parentes que são criativos tarde da noite. Eu, quando preciso de uma solução, tento carregar o cérebro me ocupando com o problema antes de ir dormir. É muito comum acordar com a solução que procurava.
  • Eu tinha o costume de me fazer despertar por um rádio relógio, e ficar bons minutos na cama ouvindo um destes monologadores da Com o tempo, todos eles tem seu ego inchado pelo monólogo, e se tornam muito eficientes em técnicas de irritação de ouvintes. Eu raciocinava que a raiva que sentia pelo que diziam me fazia pular mais rápido da cama…Mas descobri que, muito pior, eles estavam colocando uma pesada tampa sobre a panela de pressão das minhas idéias, que ficavam abafadas, submersas, desperdiçadas. A técnica de ouvir o sinal do despertador e tentar, em seguida, ouvir o que o processamento mental tenta me dizer, tem me dado resultados impressionantes. Se tenho o bloquinho ao lado da cama e anoto palavras chave… certa feita, contei 40 anotações, muitas delas, depois, aproveitadas com sucesso!
    • Certamente haverá quem explique os fundamentos deste fenômeno. Por enquanto, me dou por feliz com sua constatação – e uso…

 
Além da liberação de restritores pessoais, internos, há os que provém do ambiente da organização, e que são extremamente eficientes para evitar a proliferação de novas idéias…
O professor Benvenutti tem uma lista de 99 formas de matar uma ideia.
Vale a pena levantar as 7 mais do seu ambiente de trabalho, e criar alguns mecanismos práticos para minorar seu efeito.
 
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